Arte oficial da capa do game split fiction, com as duas protagonistas em destaque

REVIEW: Split Fiction é um ode à criatividade 5ia5t

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Novo game da Hazelight traz história impactante de irmãs gêmeas e se entrega por completo em mecânicas e jogabilidade de forma criativa e cativante

Split Fiction é o novo título da Hazelight Studios, empresa famosa pelos jogos It takes Two (GOTY em 2022 no The Game Awards), A Way Out e Brothers: A Tale of Two Sons. O estúdio indie vem ganhando espaço desde 2015, sempre adicionando um novo tempero em seu catálogo e com um foco gigante em games cooperativos, seja local ou online. Com uma nova aposta no gênero, dessa vez trazendo duas protagonistas, Split Fiction mistura o mundo da fantasia e do sci-fi e deixa uma pergunta: será que temos um sucessor à altura de It Takes Two? Vamos descobrir agora! 1a25i

Importância do Josef Fares e de seus jogos 6yz4p

Josef Fares em divulgação do game (Imagem: Hazelight)

Josef Fares se consolidou como um dos desenvolvedores mais inovadores da indústria ao unir narrativa cinematográfica e mecânicas únicas em seus jogos. Desde Brothers: A Tale of Two Sons (2013), que introduziu uma jogabilidade emocionalmente envolvente, até It Takes Two (2021), vencedor do prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards, Fares e seu estúdio, Hazelight, redefiniram como histórias podem ser contadas nos videogames.

O que torna seu sucesso ainda mais impressionante é que seus jogos são publicados pela Electronic Arts, uma empresa amplamente criticada por sua ênfase em microtransações, loot boxes e lançamentos de alto custo. No entanto, seus títulos fazem parte do EA Originals, um selo criado para apoiar estúdios independentes sem interferência criativa, permitindo que Fares preserve a sua visão artística.

Um exemplo claro disso é A Way Out (2018), um jogo cooperativo obrigatório que inovou ao introduzir o “Friend ”, permitindo que um jogador convidasse outra pessoa para jogar sem que ambos precisassem comprar o jogo. It Takes Two refinou ainda mais essa abordagem, oferecendo uma experiência cooperativa ível e envolvente.

O trabalho de Fares nos lembra a era clássica dos videogames, entre os anos 90 e início dos anos 2000, quando a criatividade e a jogabilidade inovadora estavam no centro das grandes produções. Seus jogos reforçam a importância da cooperação local e das narrativas interativas, trazendo de volta o espírito dos games que valorizavam experiências compartilhadas e mecânicas marcantes.

Em Split Fiction, ele volta para dirigir o game, com uma atuação que se mostra importantíssima. Não apenas nas cenas com diálogos das personagens, mas, principalmente, durante as fases com ação e uso das mecânicas do game, a direção de Fares se mostra bem inteligente e de acordo com toda a criatividade que o game nos propõe.

História 4j283j

Zoe e Mio, protagonistas de Split Fiction (Imagem: Hazelight)

Split Fiction nos coloca no papel de Mio e Zoe, duas escritoras distintas. Mio escreve sobre Sci-fi enquanto Zoe escreve histórias de fantasia. O início do game leva as protagonistas até a Rader, uma corporação que, em tese, vai publicar os livros delas e de mais alguns escritores. Contudo, ao chegarem no local, descobrem que, na verdade, foram lá para um experimento tecnológico onde vão entrar em cápsulas para “viverem” as suas histórias.

Zoe facilmente aceita a ideia, mas Mio fica brava e disse que está ali apenas para ser paga e ir embora, mas acaba ficando mesmo assim. Quando descobrem que terão de entrar em cápsulas, Mio encrenca com todo mundo e, no meio da confusão, vai parar dentro da cápsula de Zoe, misturando, assim, a história das duas e nos dando o pontapé inicial da aventura.

Conforme avançam, elas descobrem que Rader não tem interesse em publicar seus livros, mas sim em roubar suas ideias criativas para alimentar uma máquina capaz de transformar conceitos em poder corporativo absoluto. Agora, presas nesse universo distorcido, Mio e Zoe precisarão superar suas diferenças para escapar com suas mentes intactas e derrubar o sistema que as aprisiona.

Zoe e Mio no mundo de simulação do game (Imagem: Hazelight)

Tenho que confessar que a temática e tudo como foi desenvolvido neste game me comoveu bastante, afinal eu também trabalho escrevendo. Desta forma, ao mesmo tempo que foi extremamente divertido e interessante poder ver as linhas de texto das garotas ganhando vida de forma visual, é horrível pensar que alguém simplesmente roubou minha criatividade e está usando em prol dela mesmo, o que, para nós, bate com a existência das IAs como o ChatGPT e o Gemini, por exemplo.

Tudo isso poderia ser muito genérico, afinal de contas, já vimos esse tipo de história com o “herói” contra vilão megalomaníaco de uma grande corporação em diversas obras. Porém, o desenvolvimento das duas protagonistas por terem de trabalhar juntas para resolverem o problema faz tudo ser mais especial.

A Way Out era um game sobre confiança, It Take Two sobre colaboração e Split Fiction é sobre amizade. E colocar duas personagens completamente opostas para resolverem o maior problema de suas vidas — a ponto de revelarem seus maiores dilemas uma para outra mesmo sem se conhecerem — mostra-se uma temática muito válida e importante para o nosso mundo atual, onde ninguém consegue lidar bem com opiniões e pensamentos que divergem dos seus próprios.

Jogabilidade e mecânicas 3w6h1b

Mundo sci-fi feito por Mio, lembrando bastante Megaman (Imagem: Hazelight)

Feito na Unreal Engine 5, Split Fiction é uma das experiências mais legais e criativas do videogame moderno. Se você gostou de It takes Two, para mim, o novo jogo eleva isso ainda mais. Alguns podem ver como um problema, outros não, mas jogar esse jogo é como ter um pouquinho de cada título já criado em cada uma das fases.

A base de Split Fiction é a de um jogo de plataforma, onde conseguimos nos mover para todos os lados, correr, dar dois pulos, esquivar no chão e no alto, além de outras ferramentas que todo bom game de plataforma possui — como poder correr em paredes ou se prender em ganchos específicos do cenário, seja para pular uma plataforma ou, simplesmente, ficar agarrado ali.

A partir dessa estrutura, as mecânicas novas vão sendo aplicadas. Segundo o estúdio, o jogo foi inspirado por diversos gêneros, entre eles: shooters, platformers, ação furtiva, puzzlers, e mais. Posso garantir que essas inspirações fazem muito sentido, sempre chegando com muita variedade. Vale notar que em quase todas as fases, cada uma das personagens conta com poderes únicos, garantindo um bom fator replay para que você conheça cada um dos lados da aventura por você mesmo.

Primeira fase de Split Fiction, com elementos de plataforma e gravidade (Imagem: Hazelight)

No primeiro mundo, por exemplo, somos jogados a um universo em guerra sci-fi. Com Mio, além de termos uma espada, podemos brincar com a gravidade em locais com plataformas roxas. Já com Zoe, embora não tenha uma arma, ela consegue usar seu traje para puxar e arrastar praticamente qualquer coisa do cenário, desde inimigos até elevadores, alavancas, portas e até banheiros químicos.

E posso adiantar com tranquilidade que, a cada nova fase, essas ideias vão se amplificando, trazendo novas mecânicas e, o melhor, sempre com a criatividade lá no alto. Como citei, jogar Split Fiction foi como revisitar cada um dos jogos que já joguei durante a minha vida. Isso pode soar como algo repetitivo quando mencionado, mas, a partir do momento que os elementos cooperatividade e criatividade andam juntos, acaba se tornando uma experiência única.

Histórias secundárias 1c2w1k

Esses portais brancos nos levam até histórias secundárias (Imagem: Hazelight)

Diferentemente dos jogos anteriores da empresa, em Split Fiction não temos momentos com minigames como em It Takes Two, que simulava brincadeiras de criança e jogos de shopping. No novo game, no entanto, não ficamos sem um elemento parecido. Chamado aqui de Sidestories (ou Histórias Secundárias, em português), essas missões opcionais estão espalhadas por todo o jogo e atuam como licenças poéticas da mente de cada uma das personagens para vivermos uma nova aventura.

Elas são anomalias que ocorrem pelo fato das duas personagens estarem compartilhando a mesma simulação. Além das protagonistas comentarem quando cada uma delas aparecerem, você irá saber da existência delas quando vir um portal no cenário — geralmente, com uma estética completamente diferente do mapa atual.

Um ponto interessante sobre essas histórias secundárias é que elas são, basicamente, enredos do ado das personagens que a máquina de Rader está tentando roubar. Além de divertidas, você estará salvando a mente das protagonistas ao embarcar em cada um desses contos, que somam 12 no total.

e de amigo 2w5131

Por se tratar de um jogo 100% cooperativo, não podia faltar o e de amigo, que já se tornou marca registrada nos jogos do estúdio. Para usá-lo, basta que você o procure e instale na PlayStation Store, Xbox Store ou Steam. Feito isso, basta apenas aguardar algum amigo que tenha o game completo te convidar para jogar.

A novidade em Split Fiction é que, agora, o e funciona em crossplay, ou seja, você pode convidar qualquer pessoa de qualquer plataforma para jogar desde que tenha o ID EA dela. Não apenas isso, mas o estúdio criou um servidor no Discord para que as pessoas tenham o a um amigo para jogar. Até mesmo um trailer foi lançado sobre o assunto. Confira:

Qualidade gráfica 1q1637

Imagem: Tiago Rodrigues/ Showmetech

Como citei anteriormente, Split Fiction trabalha na Unreal Engine 5 e, pra mim, até o momento, esse é o melhor uso da nova versão do motor gráfico da Epic Games. O game foi jogado, para esta análise, em um PlayStation 5 Slim e a experiência foi ótima do início ao fim. Em questões de configurações, Split Fiction não conta com nenhum tipo de opção para modo Desempenho ou Fidelidade, mas apresenta alto nível de detalhes e taxa de quadros estável a 60 fps.

A Hazelight segue sendo um estúdio indie e, portanto, é um deleite vê-la fazendo o que faz em um motor gráfico tão interessante quando a Unreal Engine 5. Não faria sentido comparar o presente título analisado a games Triple A (de alto orçamento) como Death Stranding, Horizon: Forbidden West ou The Last of Us Parte 2, mas é impressionante como ele é super bem polido e, ainda que não traga gráficos fotorrealistas, entrega um nível de detalhes excelente, principalmente no que tange aos cenário e fases.

Além da questão gráfica, devemos tudo também à direção de arte do game. Ainda que o game seja completamente inspirado em muito do que conhecemos da cultura pop — seja Blade Runner, Cyberpunk 2077, Akira, Duna, Assassin’s Creed e dezenas de outras referências —, esse acumulado de ideias faz todo o sentido para as personagens escritoras.

Imagem: Tiago Rodrigues/ Showmetech

Justamente por ter uma direção de arte impecável é que, mesmo sendo um acumulado de ideias muitas vezes batidas, Split Fiction consegue ser marcante em cada uma de suas aventuras. A mistura desses elementos já conhecidos com mecânicas bem resolvidas e sempre se misturando faz com que a experiência se torne algo emblemático sem precisar ficar nos mostrando o tempo todo como o reflexo de um espelho é muito mais realista que em outro game. Isso não importa aqui.

Em resumo, o que você vai encontrar neste jogo é uma riqueza de cores e de detalhes excelente que o tornam, felizmente, o ápice do que a Hazelight já fez até então.

Requisitos mínimos e recomendados (PCs) 4q693o

Requisitos mínimos Requisitos Recomendados
Sistema Operacional Windows 10/11 64 bit Windows 10/11 64 bit
Processador Intel Core I5-6600K ou AMD Ryzen 5 2600X Intel Core I7-11700K ou AMD Ryzen 7 5800X
Memória 16GB 16GB
Gráficos NVIDIA Geforce GTX 970 com 4GB ou AMD RX 470 com 4GB NVIDIA RTX 3070 com 8GB ou AMD Radeon 6700 XT com 12GB
DirectX Versão 12 Versão 12
Rede Rede banda larga Rede banda larga
Armazenamento 85GB de espaço disponível 85GB de espaço disponível
Resolução 1920×1080 (1080) nativo 2560×1440 (2K) nativo
Taxa de quadros 30 60
Preset gráfico Baixo Alto

Preço e disponibilidade 326c52

Split Fiction foi lançado em 6 de março de 2025 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series S|X. O preço sugerido é de R$199 no PC e R$249,50 nos consoles (PS5 e Xbox). Eu o recomendo fortemente se suas condições estiverem favoráveis a esse valor — lembrando que você pode comprar uma única cópia e depois chamar os seus amigos que não têm o jogo para o acompanhar nessa aventura.

Conclusão 42762

Imagem: Hazelight

Split Fiction é o ápice da criatividade e bom trabalho da Hazelight e de Josef Fares. Mesmo que você não tenha jogado nenhum dos jogos anteriores do estúdio, vale muito a pena conhecer esse aqui. Já considero um dos grandes lançamentos de 2025 e, quem sabe, um grande concorrente a Jogo do Ano.

Se você gosta de jogos de plataforma com grande foco em ação, aventura, puzzles e que utiliza o máximo da criatividade de uma vez só, Split Fiction é para você.

Comenta aqui embaixo o que achou do game e se pretende jogá-lo em breve. Aproveite também para conferir também nossas outras matérias, como o review de Monster Hunter Wilds.

Veja também

Revisão de texto feita por Jaime Ninice em 19/03/2025.

REVIEW: Split Fiction é um ode à criatividade 5ia5t

REVIEW: Split Fiction é um ode à criatividade
9 10 0 1
Split Fiction é um espetáculo criativo e prova, mais uma vez, a força dos jogos indies.
Split Fiction é um espetáculo criativo e prova, mais uma vez, a força dos jogos indies.
9/10
Total Score
  • Gráficos
    9/10 Incrível
  • Direção de arte
    10/10 Excelente
  • Som
    7/10 Bom
  • Jogabilidade
    10/10 Excelente
  • Diversão
    10/10 Excelente

Prós 6e631w

  • Super criativo nas fases e mecânicas
  • Direção de arte impecável
  • Boas protagonistas
  • Boa jogabilidade

Contras 1o2a39

  • Excesso de referências pode causar incômodo
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